A saudade é a presença de uma ausência. Essa é a impressão após a visita ao Instituto Gustavo Rosa (@institutogustavorosa), no local que funcionava como o seu ateliê, no bairro do Jardim América, em São Paulo, SP. Observar as suas obras sem a presença dele dá a sensação de que faltam seus comentários, sempre bastante objetivos, sem rodeios.
Ouvir a sua voz em um vídeo do Instituto, e logo em seguida, a do irmão, no mesmo local, é uma experiência ímpar, porque há uma similitude no tom. A genética é realmente uma ciência fascinante, pois, as cadeias microscópicas de nosso DNA são responsáveis tanto pelas nossas características físicas como pelas nossas doenças, e nos pregam peças no cotidiano.
Após o falecimento do artista em 2013, tive a coragem de ir ao espaço apenas em 2021. Fiquei me perguntando o motivo. Não foi falta de oportunidade. Foi covardia de assumir como o criador e as suas criaturas, no caso de Gustavo Rosa, estão interligados. Ele viveu para criar suas obras e fazê-las andar pelo mundo, seja em desenhos, pinturas ou utilitários.
Percorrer o espaço do Instituto é visitar uma gentil casa na qual o dono foi viajar e deixou um completo comitê de recepção. Estão ali o carinhoso irmão, gentis funcionários e, acima de tudo, suas obras, seus livros, objetos que o referenciam e trabalhos de colegas de profissão. Essa onipresença encanta – e torna a sua ausência uma saudade ainda mais presente.
Oscar D’Ambrosio