A imagem de Dislene Barbosa que acompanha este post reúne dois elementos fundamentais para a artista. De um lado, a cerâmica, atividade em que as mãos entram em contato com a argila. Surgem assim as mais variadas peças. No presente caso, é criada um rosto. Há algo de miticamente divino nesse processo de dar àquilo que é amorfo uma estrutura. Trata-se de um processo extremamente denso simbolicamente em termos de um pensar sobre aquilo se faz. Dar uma estrutura tridimensional a uma ideia que está na mente é um caminhar por dentro de si mesmo para atingir um resultado final. Outro elemento presente na imagem são as plantas. Elas são mutáveis e têm períodos vivenciais: nascem, crescem e morrem. O diálogo entre o material modelado e a natureza nos faz pensar como a arte lida com o ato de construção, que gera algo aparentemente eterno, enquanto galhos e folhas são cíclicos em sua essência.Oscar D’Ambrosio