O poder de fala de uma imagem depende muito da percepção de quem vê. Existe um fascinante jogo na arte entre quem faz, aquilo que é feito e aquele que observa. A mecânica é repleta de complexas nuanças. Um caminho é verificar cada elemento isoladamente e no todo da composição. A obra de Luis Badaró que acompanha este post, por exemplo, apresenta, em destaque, duas mãos. Uma delas segura uma espécie de olho, sendo que o seu par surge próximo da outra mão. Nota-se que saem dos “olhos” focos de luz avermelhada: um aponta para o lado esquerdo, com liberdade; a outra, solto no espaço, tem o campo visual limitado pela região do pulso. Nesse jogo de manipulação e de olhares, reforçado pelo tom dramático atribuído pelas tonalidades mais baixas, é instaurada uma atmosfera em que a pintura se realiza na simbologia das imagens e nas suas conexões, associadas aos recursos plásticos. Oscar D’Ambrosio