A fotografia é uma representação visual plena de nuanças. Existe, por um lado, a percepção atenta para captar a oportunidade, assim como o domínio técnico que permite que esse flagrante seja feito com qualidade. E há ainda fatores praticamente ou totalmente fora de controle que cada momento comporta em sua execução.
A imagem de Nay Jinknss (@nayjinknss) que acompanha este post reúne diversos elementos. Na parte superior, aparece uma ave completamente esticada, em que é possível ver o detalhamento das penas. Aparece como redentora perante os urubus no poste de luz e no casario, cujas paredes têm cores em tonalidades pastel. Na parte inferior, temos vendedores e compradores do mercado.
Com trabalhos importantes no célebre mercado municipal “Ver-o-Peso”, em Belém, PA, em que é possível encontra gêneros alimentícios e ervas medicinais, Nay Jinknss, com a presente imagem, oferece uma síntese do universo do fotografar.
O diálogo entre a ave plena no céu, indicando movimento, vida e transformação, e as paralisadas em diversos locais funciona como um alerta de que sempre há novas opções para o ver. Curiosamente, porém, ninguém olha para o alto. A única a perceber o instante é a fotógrafa. Talvez esse seja um índice de que a arte, por nos motivar a estarmos abertos a perceber mais e melhor o que nos rodeia, desenvolve nossa capacidade de permanecer atentos para contemplar o mundo nas suas mais variadas direções.
Oscar D’Ambrosio