Embora seja considerado um dos pais do chamado teatro do absurdo, o romeno Eugène Ionesco (1909 – 1994) rejeitava o termo. Preferia “insólito”. Se o “absurdo” para ele soava como algo que gerava incompreensão, o “insólito” possibilitaria um encantamento com a existência mesmo sendo ela inútil. Peças como “A Cantora Careca” e “As Cadeiras”, de 1950 e 1952, respectivamente, lidam com a solidão e a insignificância do ser humano. A série “Tempos Ionescos”, de Letícia Barreto, enfoca, questões de interesse do dramaturgo, como a incomunicabilidade humana. A obra que acompanha este post, a de número 5, utiliza aquarela, colagem, lápis de cor e bordado sobre papel para mostrar um globo terrestre partido pelo novo coronavírus, mas as ligações entre as pessoas e mantêm pelas linhas. A insólita jornada humana se mantém, demandando resiliência e talento de cada um de nós.
Oscar D’Ambrosio