A ancestralidade é um tema essencial não apenas para a arte. Respeitar as tradições dos primeiros habitantes do país é uma obrigação com o passado e, principalmente, uma ação presente que impacta o futuro na perspectiva de uma essencial preservação da memória. A imagem de Ricardo Movits que acompanha este post caminha nessa direção. A questão indígena não é somente uma preocupação de antropólogos, mas de cada um de nós. Enquanto artista, ele, em sua obra, valoriza as penas e marcas tribais nos adornos e no rosto do índio, enfatizando a importância de se entender essas culturas como manifestações de uma interação, respeito e integração com a Mãe Natureza infelizmente perdidos. Pela arte, esse tipo de abordagem pode ser recolocado, pois falar dos índios é uma maneira lúcida de falar de nós mesmos.
Leia abaixo poema do artista que acompanha a obra visual:
No Princípio - Ricardo Movits No princípio não havia/ Nem a noite, nem o dia,/ Nem a luz ou escuridão./ Era o nada infinito/ Como som, tornou-se grito/ Como voz, virou canção//E cantou a melodia/ Onde o silêncio havia/ Poderoso como um Rei/ E a música existindo/ Destronou um Rei sorrindo/ Proclamando a nova Lei//E a primeira das conquista/Era dar aos seus artistas/ O poder da criação/ O poeta é coroado/ E conquista seu reinado/ Na cadência da paixão// E metrificando risos/ Vai criando paraísos/ Sem lembrar a tentação/ Que surge verbalizada/ E o demônio está em cada/ Tentativa de união// Mas o artista é teimoso/ E seu linguajar vaidoso/ Neutraliza o guardião/ E o poeta vencedor/ É o resumo do amor/ Vivo em cada coração
Oscar D’Ambrosio