Pílula visual: Poética
Muitos criadores visuais se perguntam se as suas obras devem ou não ter um título. O trabalho de Maria Villares que acompanha este post, realizado em tinta acrílica sobre tela, nos ajuda a pensar a questão. Trata-se de uma criação caracterizada por uma densa poética do gesto. É possível encontrar ali figuras humanas, mas o que estaria representado não parece ser o mais importante. A grande questão reside nos diálogos entre azuis, vermelhos, brancos e cinzas no sentido de realizar um dialogo entre as áreas em que predominam as manchas e aquelas em que há uma sugestão do desenho. É estabelecido assim um sutil e lírico jogo de expressões de cores e percepções visuais que fascinam o olhar do observador entre a busca do reconhecível e a impressão do sensível. Talvez a presença de um título dificultaria leituras mais abertas a infinitas intepretações.
Oscar D’Ambrosio
