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Pílula visual: Experiências líquidas em atelier

Pílula visual: Experiências líquidas em atelier
31/01/2021

Se existe algum conceito que possa definir um artista, ele passa pela ideia de experimentação. Cabe àquele que cria buscar novas formas de relações com a chamada realidade. Entre as “Experiências líquidas em atelier”, Regina Mello (@reginamellobr) apresenta a Série Pétalas, na qual parte de uma flor com o nome íris, que tem cerca de 200 variações.

Significativamente, íris, além de denominar o espectro luminoso produzido pela difração da luz branca; é, em anatomia, a parte mais visível (e colorida) do olho de vertebrados. Existe um orifício em seu centro, chamado de pupila, cuja função é controlar a quantidade de luz que entra no olho, assim como faz o diafragma de uma câmera fotográfica.

O trabalho de Regina Mello se manifesta justamente nesse elo entre a flor, a luz e a arte. A artista fotografa diferentes estágios naturais da flor para depois interferir em busca de formas geradas pelas transfigurações de estados, como o sólido e o líquido, gerando nuances surpreendentes.

O trabalho, com infinitas possibilidades de desdobramento, remete ainda à mitologia grega, onde Íris é a mensageira dos deuses do Olimpo, principalmente de Hera, esposa do todo-poderoso  Zeus. Seu nome batiza o arco-íris, caminho entre os deuses e os homens que a divindade utiliza e que se coloria na sua passagem.

 Cientificamente, o arco-íris é um círculo multicolorido, que parece um arco pela curvatura do planeta. Suas cores provêm do fenômeno óptico da refração (dispersão) da luz solar sobre as gotas de água suspensas no ar. Analogamente, a imagem de Regina Mello que acompanha este post se multiplica em possibilidades de interpretação e pesquisa. Assim, a arte se consolida como lúdica e criativa forma de interpretar o mundo.

Oscar D’Ambrosio