O período da pandemia traz um pensar sobre si mesmo e sobre a relação com o mundo. A aquarela de J. Freire que acompanha este post expressa essa solidão. Intitulada “Quero voltar para os braços da minha mãe”, apresenta diversos elementos visuais que nos motivam a pensar sobre o momento que vivemos. O fundo do trabalho, por exemplo, surge fragmentado, com a presença de letras e palavras reconhecíveis no sentido de formular a duvida sobre onde está a figura protetora materna. A mãe, com feições confortadoras infantis, abriga em seu corpo uma figura humana adulta em posição fetal, que busca ali seu porto seguro. As duas representações humanas estão de pés descalços, nuas perante um mundo diferente que se configura a cada dia. Perante esse desconhecido, o espaço e a simbologia da mãe primordial protetora surgem com toda força, carinho e sensibilidade.
Oscar D’Ambrosio