As obras de Samuel da Silva Junior são expressões de sentimentos em aço. Isso significa que cada uma delas consegue trazer questões que afetam o nosso cotidiano. Dessa maneira, o tridimensional da escultura atinge outra esfera: a vivencial, pois as reflexões sobre a nossa existência sempre ajudam a ter um melhor relacionamento com nosso interior.
“O palhaço equilibrista” traz justamente uma questão que pode ser vista por diversos ângulos. Por um lado, o palhaço traz alegria a crianças e adultas, mas isso não significa necessariamente que ele seja feliz. As máscaras profissionais visíveis, como a maquiagem e as roupas, e a psicológica invisível podem esconder as agruras da existência.
Na escultura, feita com sucata de elementos em aço, o personagem circense aparece carregando uma bandeja e se equilibrando em um monociclo. A referência direta é com o garçom, que também serve ao público. Um leva o riso; o outro, comida e bebida. Cada um executa a sua função e cada pessoa, em seu dia a dia, também serve aos outros.
A chave da peça de Samuel está no verbo “servir”. Servir, de verdade, com equilíbrio e alegria, ocorre quando não se espera um retorno. Essa é a verdadeira caridade, seja do palhaço, do garçom, ou de qualquer pessoa. Aquele que serve por interesse ou esperando agradecimento não se oferta completamente.
Oscar D’Ambrosio