A arte chamada naif nos permite pensar no sentido da criação visual como um todo. Nesse sentido, um dos termos do processo de construção de uma linguagem plástica muito usado, mas difícil de definir é “lirismo”. As obras de Manoel Soares apresentam justamente essa característica – e isso independe do tema. A obra que integra este post, pintada com tinta acrílica sobre tela intitulada “Torreão da Praça Coronel Pedro Osório” (35 x 45 cm; acervo de Janice Weber), que integra “Recantos de Pelotas”, exemplifica isso. A temática poderia ser qualquer outra, pois o que chama nosso olhar é a habilidade do artista de lidar com o espaço. O chamado real ganha, em sua poética, uma atmosfera de encanto permanente. Somos levados para outro universo, o lírico, onde tudo é possível a partir da interpretação do artista. Manoel Soares reconta assim o universo, tornando cada instante um sonho.Oscar D’Ambrosio