Muitas vezes, mais importante do que pintar um personagem com esmero é criar uma atmosfera que crie um universo visual que pode nos remeter a outras dimensões, principalmente àquelas que fogem do convencional. Ruy Relbquy, com uma trajetória em ascensão e um progressivo reconhecimento dentro do universo dos artistas chamados de naifs, tem essa habilidade. O seu palhaço não é o do picadeiro e do púbico dando gargalhadas. O azul rebaixado, que domina o céu, as colinas e a terra, instaura o clima do personagem circense solitário, apenas com os gatos. A roupa, na qual são estabelecidos diálogos entre as cores da peruca e da calça, é o universo do espetáculo, mas as tonalidades do peito dialogam com o azul predominante. O circo, porém, com suas ilusões, permanece à espera. É lá, embaixo da lona, que o palhaço volta a sorrir.
Oscar D’Ambrosio