Você já pensou que coloca uma máscara ou veste um personagem cada vez que começa a trabalhar? Há momentos em que não estão claras as fronteiras entre o que julga ser seu verdadeiro “eu” e o desse personagem? Essas percepções são fortes motivos para ver o documentário “Jim & Andy: The Great Beyond “ (2017), dirigido por Chris Smith.
Disponível na plataforma Netflix, o filme mostra o processo criativo e vivencial do célebre ator Jim Carrey durante e após a filmagem, em 1999, de “O Mundo de Andy” (“Man on the Moon”), dirigido por Milos Forman, em que ele interpreta o pouco convencional comediante norte-americano Andy Kaufman (1949 – 1984).
Cantor, dançarino e ator performático, Andy desenvolveu um estilo único, em que as fronteiras entre as verdades e mentiras, o real e a ficção eram irreconhecíveis, pois ele continuava atuando – ou talvez sendo ele mesmo – antes das câmaras serem ligadas e após serem desconectadas.
Carrey mergulhou exatamente no mesmo processo ao interpretar Andy, praticamente se transformando nele e em um dos personagens criados pelo ator, o arrogante cantor Tony Clifton. Todo esse processo, como reconhece no documentário, o levou a mergulhar em si mesmo e nos limites entre aquilo que interpreta na carreira e o que ele acha que é.
O documentário intercala uma entrevista recente com Carrey, imagens de apresentações reais de Andy, cenas do filme ”O Mundo de Andy” e imagens inéditas do making of do filme de 1999. Tudo contribui para uma discussão sobre verdades e mentiras em nosso cotidiano e no mundo, apontando que a chamada realidade talvez seja apenas uma grande ficção.
Oscar D’Ambrosio