Na busca de uma linguagem própria, artistas muitas vezes procuram também imprimir ao seu trabalho uma marca registrada. São dois procedimentos diferentes que podem ou não se encontrar. A linguagem está relacionada a uma poética, um estilo, um traço, uma técnica, um procedimento peculiar que se torna uma característica que o artista desenvolve e que se torna natural no seu trabalho. A marca registrada é algo mais evidente, como a perseguição de um assunto, de um tema ou a repetição de uma figura ao longo das obras.
Jaime Vallardo Chávez (@vallardoartistanaif), de Honduras, apresenta um estilo próprio dentro da estética que se convenciona chamar de naif e também construiu sua manifestação visual em torno de dois elementos. Um deles é a onipresença nas obras de uma árvore presente no seu país, o Jícaro, que tem importante papel nas mais diversas composições.
Além disso, insere em seus trabalhos notas de dinheiro dos diversos países pelos quais passa, deixando à vista o código das mesmas, o que faz com que cada trabalho tenha então uma garantia de exclusividade e autenticidade. Os dois recursos integram a maneira de pensar do artista e a sua forma de buscar visibilidade, tendo o primeiro um forte apelo estético.
As árvores remetem a valores antropológicos e arquetípicos, que a associam ao que se chama Axis mundi, um eixo que conecta as profundezas do interior da terra com a nossa vida cotidiana telúrica e a possibilidade de ascensão para diálogo com os deuses. O Jícaro a ponte entre essas dimensões.
A maneira visual como Jaime Vallardo Chávez trabalha o tema gera diversas composições visuais, unidas em um estilo caracterizado pela simplificação das formas no qual o protagonismo da árvore permite múltiplas variações, tendo a cor um papel essencial na transmissão ao observador de uma contagiante alegria de existir.
Oscar D’Ambrosio