Retratos são espelhos de almas. Seus resultados são a consequência de uma série de relações internas e externas realizadas por quem se debruça sobre essa prática artística. A maneira de representar cada parte do corpo mostra escolhas sobre o que se vê. Essas seleções visuais não são necessariamente conscientes, mas dizem muito sobre a expressão de quem realiza um desenho. Na obra de Renata Drozdowski que acompanha este post, os traços inquietos na construção do cabelo, os olhos baixos, a iluminação da face e as poucas linhas para sugerir o tronco são índices de partes de um significativo conjunto. É inevitável pensar o que passa na mente do ser inanimado que visualizamos. Surge assim uma química própria da arte: o desenho ganha vida pela maneira como cada artista atua como demiurgo, denominação que o Platão dava a quem organiza o universo aparentemente caótico.
Oscar D’Ambrosio