No momento em que a Amazônia revela toda a sua capacidade de resiliência, seja por questões de desmatamento ou de saúde pública, a fotografia do Rio Negro, de Christiana Freire de Carvalho, evoca uma série de possibilidades de leitura pela visualização do espaço de um curso d’água como um microcosmo plástico. A imagem que surge do rio é uma síntese de aspectos plásticos que fascinam. Temos, por exemplo, a sinuosidade das linhas que se conjuga com texturas que parecem originárias de uma gravura, enquanto o canto superior direito nos lembre sempre que se trata de uma imagem captada na própria natureza. A busca pelo nosso olhar de um padrão matemático remete inclusive aos universos dos fractais ou de estudos que encontram nas plantas e águas certas geometrias. A imagem de Christiana Freire de Carvalho, nesse contexto, apresenta o encanto de um natural lirismo geométrico.
Oscar D’Ambrosio