A violência doméstica é um drama silencioso. O número de mulheres agredidas que vem fazendo denúncias aumentou, mas estima-se que exista um universo imenso de casos velados. Nesse sentido, a série de Eugenia França intitulada “Em Nome Das Rosas” dá visibilidade ao tema.
A artista traz imagens dessas mulheres sofridas pintadas com tinta acrílica sobre lonas de caminhão. Estão ali rostos associados a um suporte que tem marcas de uso e remendos. Esses vestígios funcionam plasticamente tanto como cicatrizes que podem ser vistas na pele das mulheres agredidas como aspectos violentos que não podem ser visualizados e ficam enraizados na existência de cada uma delas, manifestando-se com medos, inseguranças e outros sentimentos que dificultam uma recuperação psicológica integral.
A violência doméstica imprime na vida dessas mulheres dores transformadoras. As pinturas de Eugenia França, nesse sentido, clamam por uma metamorfose da sociedade. Suas imagens materializam dores do existir. Ver esses trabalhos, que levam a discutir e enfrentar o problema, é imperioso. Cada caso denunciado ou evitado é um passo rumo à cidadania e à civilidade da sociedade.
Oscar D’Ambrosio