Se você for a exposição “Degas” no MASP, vai se apaixonar pelas fotografias de Sofia Borges. A mostra reúne quase 80 obras do artista francês (1834-1917) do acervo da instituição, mas quem faz o coração pulsar é a fotógrafa, que, ao longo de 2020, realizou fotografias em preto e branco das esculturas no acervo e na reserva técnica do Museu.
Exibidas em grandes dimensões, as imagens permitem muito mais do que ver ângulos inusitados do trabalho de Degas. Elas transformam as obras do mestre em poesia no seu estado mais puro e visceral. Surgem instantes de personagens densamente humanos em sua expressão. As imagens adquirem características líricas e dramáticas de acordo com as proximidades, os focos e as nuanças de luz. As esculturas pedem a solidez matérica e se tornam pessoas posando.
Com Curadoria de Adriano Pedrosa e Fernando Oliva, respectivamente diretor artístico e curador do MASP, a mostra permite rever Degas, mas, acima de tudo, desperta encantamento pelas imagens de Sofia Borges em sua jornada de humanizar as esculturas com técnica, refinamento e sensibilidade.
Oscar D’Ambrosio