Expor um trabalho é muito mais do que reunir obras. A mostra “Antonio Dias: derrotas e vitórias”, com curadoria de Felipe Chaimovich, no Museu de Arte Moderna (MAM), em São Paulo, SP, oferece momentos mágicos. Um deles, registrado na fotografia que acompanha este post, é a possível integração imagética entre duas obras apresentadas.
Realizada com vidro, Letraset e papelão sobre a parede, “The Art of Transference / I Love You”, de 1972, tem, em sua área central um espelho. Dependendo da angulação pela qual olhamos para ele, conseguimos colocar nesse local, por meio da reflexão, a imagem de outra obra do artista, próxima no recinto, intitulada “Coração para Amassar”, de 1966.
Pintado com tinta acrílica sobre tecido acolchoado e acompanhada de lâmpadas coloridas, o coração ganha então essa possibilidade de conversar com a outra obra. Separadas entre si por seis anos, podem, pela proximidade espacial no ambiente, se tornar uma coisa só. Cada uma, nesse movimento, perde um pouco de si mesma para ganhar um novo significado.
Curiosamente, as obras reunidas na exposição foram selecionadas dentro da coleção do próprio artista, falecido em 2018, que estava recomprando trabalhos no sentido de constituir um percurso da sua trajetória visual e existencial. A conversa entre os dois trabalhos traz uma visualização que mostra justamente como a arte permite as mais variadas e percepções e jornadas de leituras.
Oscar D’Ambrosio
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