O pavão tem, no Oriente, diversos aspetos simbólicos. Talvez um dos mais ricos esteja no sufismo, parte esotérica do Islamismo, onde se diz que, quando a Luz se manifesta e o Self, o Eu Superior, olha a sua imagem refletida em um espelho vê um estonteante pavão com a sua cauda aberta.
Portanto, a abertura da cauda a ave estaria ao momento em que o ser humano mostra a sua luz e apresenta suas potencialidades. Ainda nesse raciocínio, assim como o pavão precisa trocar as suas penas, cada um de nós um continuamente se renova quando muda a sua forma de ver a vida.
Para os budistas, o pavão representa um bodisatva, aquele que atingiu a maestria e, embora possa viver em dimensão superior, o Nirvana, prefere ficar na Terra para ajudar a Humanidade a encontrar o caminho da elevação. Como a ave se alimenta de plantas venenosas, também é vinculada à capacidade humana de crescer em meio o sofrimento.
O pavão de Marcelo Pires que acompanha este post tem 12 “olhos abertos”. Localizados no final das penas, há ocelos, palavra derivada do latim "oculus", que significa "olho". Ainda segundo os sufis, eles simbolizam as virtudes do Espírito que enxergam claramente o mundo e irradiam luz interior pelos “Olhos do Coração”.
O número é significativo. O ano tem 12 meses e, na tradição judaico-cristã, há 12 apóstolos. Além disso, Jerusalém teria 12 portas guardadas por igual número de anjos. Em outras culturas, o 12 também se faz presente. Odin, o deus supremo escandinavo, por exemplo, tinha 12 nomes.
No Japão primitivo eram adorados 12 deuses, mesmo número que Platão relata no Monte Olimpo. Nos mitos de criação coreanos, fala-se em um mundo dividido em 12 regiões. Em síntese, o pavão, com sua beleza, nos alerta a substituir velhas crenças por novas ideias, expandindo a consciência e ampliando nosso senso de realidade.
Oscar D’Ambrosio