Há pintores que, com o passar dos anos, transformam-se em mitos. É o caso de José Antônio da Silva, cujas obras estão presentes na exposição “Caipirismo: José Antonio da Silva e Joselino Soares”, idealizada por Odécio Visintin Rossata Garcia, com curadoria dele de Romildo Sant'Anna, no Sesc Bom Retiro, em São Paulo, SP.
Considerado o maior artista plástico primitivista brasileiro com uma obra marcada pela mescla do uso de tons quentes, além de numerosas soluções visuais surpreendentes para os mais variados temas, ele justifica, ao longo do tempo, o título que lhe é atribuído. Nascido em 1909, em Sales de Oliveira (SP), e falecido em São Paulo (1996), foi pintor, desenhista e escritor.
Sempre com um estilo muito próprio, oriundo de um poder inato de comunicar as suas agonias e felicidades, foi mestre em retratar trabalhadores agrícolas, carros de boi, festas, jogos e procissões. Costuma ser adotado como um símbolo da vida caipira, mas está muito além disso, como se verifica nas obras sobre a chuva. São cenas de puro encantamento, como torrenciais tempestades em pinceladas brancas e a presença de inúmeros guarda-chuvas negros.
A diversidade de temas e a intensidade cromática impressionam. Seja pela forma única de tratar o universo rural, com densidade plástica, ou pelas telas de caráter mais biográfico, com um denso e crítico poder corrosivo. Encanta ainda pelos contornos espessos e pela espontaneidade, representando, na arte brasileira, um milagroso elixir expressivo até hoje não devidamente assimilado e, muito menos, esgotado.
Oscar D’Ambrosio