O díptico de Renata Barros em que aparecem duas pessoas correndo, uma em cada direção, intriga. Para onde elas – e, por extensão, todos nós – estão indo? Parece fugirem de algo (a morte, por exemplo?). Mas, paradoxalmente, elas vão uma encontrar a outra, embora estejam isoladas, cada uma em sua moldura. Toda essa jornada de pensamentos, motivada pela imagem, explicita como a arte desempenha um papel essencial na nossa vida quando nos propomos a ver e pensar o cotidiano de novas maneiras. As pinturas sobre papel funcionam como um gatilho a dar vazão ao que já temos dentro de nós. E, seguramente, uma das facetas mais humanas de nossa existência é a capacidade de ver, pensar e repensar o cotidiano de maneiras diferentes. Esse exercício, que a arte propicia, nos faz despertar para a importância que a criação visual tem para atingir uma vida melhor, por mais dificuldades que ela ofereça.
Oscar D’Ambrosio