No universo da arte contemporânea, é cada vez mais importante a constituição de um projeto para a própria carreira. Mas não basta ter ideias ou conceitos. É essencial materializar essas intenções por meio de ações que tenham um efetivo impacto não somente como a declaração de um pensar, mas também em sua visualidade.
Um exemplo disso é a instalação “Ice Watch”, do artista islandês-dinamarquês Olafur Eliasson e do professor de geologia groenlandês Minik Rosing. Realizada em Copenhague, em 2014; em Paris, em 2015; e em Londres, em 2018; consiste em deixar para derreter a céu aberto blocos de gelo originários da Groenlândia.
Os visitantes são estimulados a tocar, subir, abraçar, lamber e brincar com eles. Retirados do mar depois de terem se separado naturalmente do manto de gelo, são transportados para o espaço público em contêineres refrigerados. O objetivo é discutir a questão climática e promover mudanças de comportamento sobre a devastação causada pelo aquecimento global.
O projeto apresenta alguns aspectos fundamentais da arte contemporânea: parte de uma ideia original, é apresentado de maneira inovadora e gera uma experiência imersiva no espectador, que se torna coautor ao interagir com a proposta. São três reflexões que nos levam a pensar mais e melhor sobre a arte que pensamos, fazemos e vemos.
Oscar D’Ambrosio