A capacidade de observação do cotidiano constitui um dos fascínios da fotografia. É um desafio para quem se aventura na área. Perceber o que para outros passa despercebido torna-se um exercício permanente. E não basta observar – é indispensável registrar de maneira expressiva para que, de alguma maneira, ocorra uma comunicação da imagem com aquele que vai observar a imagem. Marcia Kikuchi mostra isso na imagem que acompanha este post. Em um ambiente paradisíaco, há garrafas quebradas de ponta-cabeça enterradas na areia. A composição agradável se relaciona com a ameaça de causar ferimentos que elas representam. São como velas, plantas e flores fincadas no solo, mas com o poder de ensanguentar quem não for cuidadoso. Essas sedutoras taças de perigo podem ser afastadas com o reconhecimento da imensidão da verdadeira natureza, seja em uma rosa branca ou na grandiosidade do oceano.
Oscar D’Ambrosio