Fotografar imagens do cotidiano tem as suas mágicas e mistérios. A série “Alvoradas cariocas”, de Carlos Monteiro, mostra como é preciso estar no lugar certo no momento exato. O tema aponta para o crepúsculo matutino, período também chamado de antemanhã ou madrugada, em que o nascer do dia é marcado pelo canto das aves.
Analogamente, esse momento é associado ao período da juventude, da mocidade, do início da existência e, por extensão, ao tempo inicial de algum período. As aves sobre um céu em que a lua da noite anterior ainda se faz presente acentuam essa concepção simbólica.
Curiosamente são 10 pássaros que aparecem na imagem, número muito presente nas simbologias ocidentais e na doutrina pitagórica (adição de 1 ponto no espaço à linha – 2 pontos, ao plano – 3 pontos, e ao volume – 4 pontos).
Eles estão divididos em dois grupos: sobre a lua (3) e no firmamento (7), destacando outros numerais também muito presentes na nossa cultura, indicando, respectivamente, os 3 poderes divinos (criação, conservação e destruição), e a soma dos 4 elementos (terra, ar, água e fogo) com os três níveis de vida (subterrâneo, telúrico e espiritual).
Que toda essa conjunção de fatores seja augúrio de uma profícua jornada existencial para todos nós!
Oscar D’Ambrosio