Pílula visual: A vendedora de maçãs
André Franco encaminha o belo texto que acompanha imagem de sua autoria intitulado “A vendedora de maçãs” : ““Apesar de ainda criança, ela dá duro para ajudar a mãe e os irmãos menores. Assim, sai pelas ruas, vendendo maçãs. O circo chegou à cidade. Mas, a menina não tem a mínima condição de vivenciar os espetáculos de sonho! A relação de amor com o circo vai muito além. Em vez de boneca, ela acaricia um velho palhaço de pano. Do lado de fora, o pouco que ela enxerga da magia circense a faz sonhar. Como seria divino ter um pai que a levasse ao circo. Como seria mágico se, em vez de vender maçãs nas ruas, ela pudesse receber das mãos do pai uma maçã caramelizada de carinho e doce de ternura: uma maçã do amor.”
Realizado com tinta a óleo sobre tala, a obra, de 80 x 60 cm, de 2020, traz uma reflexão sobre aquilo que está dentro e que está fora do mágico mundo circense. É pelas tonalidades rebaixadas que contrastam com as mais quentes que se instaura justamente a diferença entre uma existência mais apagada e outra mais vibrante, respectivamente. Além disso, dentro da esfera do sonho do picadeiro, temos as maçãs do amor, enquanto as frutas que a menina vende são oriundas da natureza, sem glamour, comercializadas em uma simples cesta. A passarela vermelha é que faz a transição entre esses dois mundos: o da realidade cotidiana, do trabalho e do desejo que parece distante; para o da fantasia, no qual tudo parece ser maravilhoso e sem limites. A imagem como um todo funciona como uma metáfora e um alerta para que consigamos pisar no tapete vermelho que torna a nossa jornada plena de esperança.
Oscar D’Ambrosio
