O desenho, talvez justamente por trabalhar de maneira mais próxima com a expressividade do traço, seja uma das maneiras mais fieis de mergulhar na alma. A imagem de Luiz Vilarinho que acompanha este post nos obriga a pensar naquilo que somos e no que muitas vezes deixamos transparecer. Existem facetas do ser humano que ficam escondidas – e que somente surgem com toda intensidade em situações em que somos levados a um limite. O fascínio do desenhar é que nele essas características muitas vezes escondidas podem vir à tona. Muitas vezes temos a percepção interna do mundo que uma imagem mostra, mas não a revelamos no cotidiano. Desenhar é falar. Essa conversa se dá com instâncias internas, com a sociedade e com o mundo como um todo. Pode ser mais ou menos agradável de acordo com a situação, mas será mais significativa em proporção à sua sinceridade. Desenhos encantam, mas não mentem.
Oscar D’Ambrosio