Há obras de arte que mostram uma delicadeza que pode ser observada em cada detalhe. É o caso do trabalho de Alina Okinaka (Hokkaido, Japão, 1920 - São Paulo, SP, 1991). Integrante dos importantes Grupos Seibi e Guanabara, ela lida com os planos do fundo da imagem e com as massas de cor de uma maneira peculiar, sutil, mas, ao mesmo tempo, vigorosa. Merecem destaque a resolução visual do rosto, com o detalhe dos lábios pintados, e a maneira como o vestido é tratado, com uma geometria afastada de qualquer rigidez e, de certo modo, “humanizada” nas dobras do vestido. O conjunto revela uma artista consciente do seu ofício e que dá a cada imagem uma alma própria. Assim, o fazer artístico se torna uma maneira de desvendar percepções de mundo regidas por um olhar atento e por uma técnica acurada em que cada pincelada vislumbra um portal de interpretações sobre o ato de pintar.
Oscar D’Ambrosio