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Pílula visual: Paisagem

Pílula visual: Paisagem
26/12/2020

Na hierarquia de gêneros da pintura da Academia Francesa, a paisagem fica atrás das cenas históricas, da representação de cenas do cotidiano e do retrato. Está acima apenas das naturezas-mortas. À medida em que foi ganhando relevância como fundo das batalhas célebres ou das imagens dos nobres, ganhou autonomia na Holanda do século XVII. Sua magia está em mergulhar na extensão de um território, real ou imaginário, que constitui uma vista, um panorama que, apreendido pelo olhar do artista, apresenta três dimensões: a natural (próxima do que se entende como real), a cultural (relacionada a uma época) e a humanizada (a habilidade e o toque pessoal do criador). O estudo de paisagem do Parque do Ibirapuera, em São Paulo, SP, de Alexandre Ignácio Alves, que acompanha este post, tem a densidade da luz e a gestualidade dos traços que apontam como a expressão exterior de uma paisagem pode ser a impressão interior de um percurso criativo que se cristaliza em imagem.

Oscar D’Ambrosio