Talvez em poucos momentos da história da Humanidade se tenha vivido um momento de tamanha ambiguidade como o atual. De um lado, a tecnologia trabalha com códigos binários, simplificações, universalismos globalizados e geometrias; do outro, temos tentativas de retomada de valores em que a individualidade do desenho é valorizada. Essa questão se faz muito presente nas pesquisas visuais de Filipe Neves (@filipeneves_art). Ele apresenta retratos em grafite junto a pinturas em tinta acrílica que representam justamente as possibilidades de uma instância mais emocional e artesanal dialogar com uma outra mais racional e industrial. Surgem nessa conversa justamente analogias com os saberes contemporâneos, que oscilam entre as particularidades de cada ser humano e aquilo que os universaliza. Dessa tensão, Filipe Neves propõe uma harmonia que nos absorve, fascina e gera inquietações e interrogações visuais e existenciais.
Oscar D’Ambrosio