Imagens têm a capacidade de encantar. Muitas vezes isso ocorre pela simplicidade, que não deve ser confundida com simplismo. O trabalho de Rebeca Areno que acompanha este post evoca a silhueta de uma árvore com uma maçã ao centro, que logo nos remete a um coração. Essas analogias assumem diversas características simbólicas. A árvore, por exemplo, domina o nível das profundezas da terra, pelas suas raízes; o universo do cotidiano, onde fica o tronco; e o plano divino, o céu, para onde se direcionam os seus galhos. A fruta, por sua vez, está associada, na tradição judaico-cristã e no imaginário popular, com a tentação, o pecado e a expulsão de Adão e Eva do Paraíso, mas, da maneira como surge no presente trabalho, pode ser também relacionada com um coração, matriz da vida a pulsar na árvore e a indicar caminhos de sobrevivência, como a arte nos dá pela esperança de sempre estarmos a criar.
Oscar D’Ambrosio