A arte abstrata tem uma característica muito própria. Quando realizada com intensidade, tem a sutil capacidade de deixar o observador nu. Estamos falando do ato de despir almas, muito mais complexo do que o de retirar roupas. Ao se estabelecer uma sintonia entre o artista, a imagem produzida e o observador do trabalho, é criado um momento de inigualável surpresa para quem faz e para quem vê. É como se fosse estabelecido um instante de magia, no qual todos retiram os pés do chão e ninguém sabe explicar racionalmente o que aconteceu. A obra “Abstrato Nude”, de Celso Parubocz, atinge esse efeito por lidar com as áreas e as tonalidades de cores de modo a instaurar um universo paralelo ao que conhecemos. Nele, ao fugir da figuração, a intuição ganha força, surgindo um espaço pleno de mistério pronto a ser preenchido pelas sensibilidades individuais, com todas as suas peculiaridades.
Oscar D’Ambrosio