Alguns argumentam que a arte realista seja um mero exercício técnico. Sem dúvida, há nela muito de um conhecimento acumulado e desenvolvido ao longo do tempo, mas existe também um aspecto intangível que é o da sensibilidade. Torna-se difícil discorrer sobre ele com palavras, assim como se dá com a música, plena de sentimentos que nos emocionam e sobre os quais a retórica verbal fica aquém. As composições de Ernandes B. Silva caminham justamente por essa vereda do intangível. “Fim de Florada” apresenta uma dinâmica de nuanças de cor que mostram versatilidade do fazer, mas sem perder a emoção. A curva realizada pelas tonalidades de verde impressiona. É o ponto alto de um quadro que traz o diminuto ser humano perante a imensidão do espaço pictórico que, desde o céu até a terra batida, se integra, valorizando a beleza da natureza e a capacidade humana de representá-la.
Oscar D’Ambrosio