Quando se pensa na cultura indígena, principalmente na representação fotográfica, dois assuntos geralmente ganham o primeiro plano: os corpos e rostos dos primeiros habitantes do Brasil e o ambiente em que eles vivem, privilegiando a natureza. O trabalho visual de Selma Carvalho não deixa esses aspectos de lado, mas traz elementos que merecem especial atenção, como adornos e utensílios. Cocares, colares e pingentes, vinculados, por exemplo, à arte plumária, são indicativos de crenças religiosas e de senso estético. Analogamente, canoas indicam formas de sobrevivência e de transporte, apontando para um estado de comunhão com o ambiente. As imagens da artista visual, dessa forma, indiciam uma forma de conhecer as pessoas que se dá na sensibilidade de captar os líricos detalhes que compõem o todo de um sentimento e de uma vivência de estar em harmonia com o mundo.
Oscar D’Ambrosio