Não sei se existe alma de gravador, mas, se isso for possível, Jacques Jesion a tem. Mesmo quando se aventura por outras veredas como a pintura ou o objeto, existe no seu fazer um pensamento característico da gravura, que é o da cozinha do fazer. A gravura tem uma alquimia própria na preparação dos materiais, na escolha das ferramentas e no entendimento do processo como sempre inacabado. Esse raciocínio, mesmo quando levado a experiências com técnicas mistas, resulta em um desafio que intensifica a densidade do trabalho. As suas paisagens imaginárias são documentos de um pensar e criar em que o tempo para. É o que foi feito antes e o que virá depois que se cristalizam a cada nova obra, em que as pesquisas com as entradas de luz e as nuanças entre o branco e o preto se destacam na construção de um processo poético pleno de mistério, como o fazer das gravuras demanda.
Oscar D’Ambrosio