A força de uma imagem não pode ser traduzida em palavras. Ela consegue construir, pela sua gramática própria, sentidos que ganham novas conotações a cada olhar. Mais importante do local da foto e do retratado é o conjunto de elementos que a fazem instaurar um outro mundo, paralelo – e, ao se olhar essa distinta ambientação, a mente voa. A imagem que acompanha este post, de Lucia Guanaes, estabelece justamente um universo de mistério, em que a atmosfera enevoada aponta para o sumiço da figura humana perante a natureza. Quanto mais o ambiente é protagonista, mais a arte fala de nós. O lirismo que surge é o da reflexão sobre o tempo de nascer, de viver e de morrer, e de ver, de ser e de refletir. Razão e emoção estão na fotografia – e dialogam conosco. O ser humano se esvai na natureza, mas o impacto visual permanece na mente de quem faz a imagem e de quem sente o que vê.
Oscar D’Ambrosio