O Diário da Alma, de Marcia Rommes, é um objeto artístico que gera diversas reflexões. Quando se pensa em “diário”, vem a ideia de um caderno de caráter íntimo no qual há anotações que constituem impressões cotidianas pessoais manuscritas, organizadas por data. Pensa-se em um registro de percepções, experiências, sentimentos e segredos. Realizado com polímero e tinta sobre papel, o Diário de Marcia Rommes é de outra natureza, mas não trai a original. É na sua própria linguagem e gramática que desnuda o mundo. Mas o objeto é “da Alma”, ou seja, remete ao sânscrito “Ātman” e ao grego “psykhé” ("ser", "vida" ou "criatura", que resultou no latim “anima”, que significa "o que anima"). Portanto, “alma”, de modo geral, é considerada a fonte de todas as sensações e sentimentos, sendo a responsável, para alguns, pela comunhão humana com o divino. Assim, na obra de Marcia Rommes, o dia a dia do intangível ganha materialidade com plasticidade, nos fazendo pensar sobre o que somos e podemos ser, um dos maiores desafios das manifestações mais expressivas da arte contemporânea.
Oscar D’Ambrosio