Um dos importantes requisitos de um fotógrafo para desenvolver um trabalho sobre uma pessoa ou uma etnia é o envolvimento. Dessa empatia, surge um trabalho que, além de questões técnicas bem resolvidas, apresenta alma. É justamente o que ocorre com os elos entre o fotógrafo Sérgio Guerra e os Hereros.
Seminômades que vivem espalhados entre Angola, Namíbia e Botsuana, os Hereros entraram na trajetória do fotógrafo em 1999, quando ele integrou um programa de comunicação institucional do Governo de Angola. Começou aí uma relação que o levou a um progressivo conhecimento da etnia e, é claro, de si mesmo.
Visualmente, o que impressiona é a cor. Os fotografados se fundem com a terra, em uma esfera que está além do jornalístico e do documental. A grande questão visual que se impõe é o estabelecimento de uma poética marcada pela confiança. São almas que se deixam conhecer e fotografar.
Os Hereros são desvendados pelo fotógrafo, que produziu livros, documentários e exposições sobre o tema, dando visibilidade a uma África esquecida. Nesse contexto, a arte de Sergio Guerra, em diversas manifestações, eterniza uma cultura. Suas imagens fundem almas, corpos e terra em uma caminhada diferenciada, numa relação que se estabelece para sempre.
Oscar D’Ambrosio