Arivanio Alves, de Quixelô, CE, traz, em sua série chamada “As Lobas”, uma intensidade visual que impressiona. Trabalhos como “A cachorra parindo", "O massacre dos cachorrinhos" e "A loba de Rômulo e Remo", expostos no Instituto Tomie Ohtake, pelo fato de o artista ter sido selecionado no 7º Prêmio EDP nas Artes, apontam a riqueza de uma pintura direta.
O fundo vermelho, a presença de elementos simbólicos como a lua, que nos faz mergulhar no inconsciente, e, acima de tudo, a expressividade dos animais, em diversas situações, apontam para um trabalho que valoriza as tonalidades intensas, principalmente do vermelho, branco e preto, que comunicam de maneira franca uma interpretação do mundo.
Seja no enfoque do início da vida, da morte ou da mítica fundação de Roma, um dos berços da cultura ocidental, o artista mantém a coerência de sua linguagem, desenvolvendo uma poética sintética, na qual que menos elementos geram mais impacto. Não há excessos, mas uma síntese que tende a se aprofundar.
Se os animas são maltratados, é porque o ser humano, que sequer aprendeu a cuidar de si, não consegue viver em harmonia com a natureza. Arivanio Alves nos apresenta essa situação com uma poética que instaura um discurso diferenciado, que não se perde em adornos. A sua expressão é do aqui e agora com consistência e magia.
Oscar D’Ambrosio