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Pílula visual: Percursos

Pílula visual: Percursos
07/12/2020

Uma importante característica da arte contemporânea está em olhar de modo diferente para ressignificar aquilo que se vê. Trata-se de um exercício que Jeff Barbato (@jeffbarbato) apresenta em seus percursos visuais. O ponto de partida está no observar e registrar fotograficamente rachaduras encontradas nas ruas.

Em seguida, vem o trabalho de construção visual, em que fragmentos dessas imagens captadas são levadas, com a utilização de laca e folha de ouro entre outros recursos, para diversos materiais reaproveitados, como telas de pinturas antigas, madeiras de forro de demolição, moedas e materiais utilizados em construção civil (cimento, argamassa).

O resultado é a construção de veredas pessoais, mágicas e misteriosas. Únicas em sua concepção, remetem a um andar diferenciado. Não é mais o caminhar dos pés, mas o percorrer as mentes de quem faz e de quem vê. Instaura-se assim um jogo caracterizado por andares existenciais. É do fragmento que se reconstitui um todo existencial.

Cada olhar é um fragmento de possibilidades de percurso.  Por ser incompleto, é justamente fascinante, pois é nos passos reais e simbólicos do outro que cada encontro ocorre, com suas perguntas e incertezas, sempre motivadoras a nos ensinar. Afinal, como mostra o trabalho de Jeff Barbato, a maior humildade da arte está justamente em desconhecer limites.

Oscar D’Ambrosio