Mergulhar nas motivações de uma obra de arte sempre é um desafio. Existe o explícito que um criador declara, mas há, acima de tudo, os processos que são aparentemente difíceis de decodificar. Esses são os mais interessantes, pois nos levam a olhar e re-olhar trabalhos para penetrar na mais variadas manifestações poéticas.
A obra de Cassia Aresta (@cassiaaresta), que pode ser vista na Galeria Trapézio (@trapeziogaleria), traz justamente esse desafio. Ela estabelece diálogos entre linhas, cores e formas marcadas por uma aparente simplicidade contagiante. Trata-se da mesma sensação que torna a poesia de Vinícius de Moraes ou as obras de Dorival Caymmi tão especiais.
Quando estão prontas, parece que podiam ser rapidamente feitas. Mas aí esta o segredo. A poética da artista se dá na maneira como desenvolveu um pensar filosófico sobre a sua arte que traz um lírico encantamento, que nos faz pensar sobre o que cada um de nós representa – e como somos diminutos perante a arte de qualidade, aquela que nos faz rever a nossa existência no mundo – e que nos faz seguir em frente!, por mais difícil que isso possa muitas vezes parecer...
Oscar D’Ambrosio