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Pílula Visual: O estupro culposo

Pílula Visual: O estupro culposo
28/11/2020

Neste mês de novembro, ganhou destaque na mídia o caso do processo criminal de estupro de vulnerável envolvendo Mariana Ferrer e o empresário André de Camargo Aranha. O vídeo que mostra o advogado humilhando a moça viralizou e o veículo The Intercept ‘traduziu’ a justificativa do promotor Thiago de Oliveira usando a expressão ‘estupro culposo’, quando não há intenção de estuprar.

O termo, embora não tenha sido usado no processo ou no julgamento, já que não existe no Código Penal, também se tornou motivo de debate. De qualquer forma, houve o repúdio da sociedade à forma como a jovem foi tratada e, para que o episódio não seja esquecido e não seja apenas mais um ato violento divulgado com efemeridade pela mídia, o artista visual Milton Takada apresenta a obra “O estupro culposo”.

Chama a atenção, na estrutura da obra, em que temos a figura da balança desequilibrada da justiça, as figuras dos representantes da Leis; a imagem ambígua do acusado, com uma faceta frontal de tristeza e perfis plenos de sarcasmo; e, na parte inferior, as imagens de dor física e emocional de quem é agredida no corpo e na alma.

Acima de tudo, o conjunto da obra lança um alerta para que o preconceito e a violência contra a mulher, nas mais varadas esferas, desde a da sexualidade ao universo da Justiça, seja constantemente lembrada, para que cenas, com discursos agressivos e desmedidos como as que vimos, não se repitam. Dessa maneira, a arte cumpre seu papel de eternizar situações para que a sociedade aprenda com seus erros e redirecione e corrija seus caminhos.

Oscar D’Ambrosio