Líder de um quilombo que reunia cerca de 100 pessoas localizado às margens do rio Guaporé, na região da atual cidade de Vila Bela da Santíssima Trindade, MT, no século XVIII, Tereza de Benguela foi retratada pela artista Dulce Martins.
Enquadrada pela crítica no gênero naif, ela realiza um trabalho que mostra a imagem dessa escrava fugida que assumiu a liderança do Quilombo do Piolho ou do Quariterêre ou Guariterê, com a morte do marido, José Piolho, elaborando um sistema de administração semelhante ao parlamentarismo com reuniões periódicas, conselheiros e penas rígidas aos que ameaçavam a segurança da comunidade.
Sob sua liderança foram duas décadas de resistência, entre 1750 e 1770, quando uma expedição invadiu o local, que comercializava excedentes de alimentos, desenvolvia agricultura de algodão e possuía teares onde se fabricavam tecidos que eram comercializados. A líder foi presa, humilhada e morreu em circunstâncias não esclarecidas, tendo a cabeça arrancada e exposta no alto de um poste do extinto quilombo.
Ela é homenageada com o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra, instituído em 2014, e sua vida foi homenageada, no Carnaval de 1994, no Rio de Janeiro, pela escola de samba Viradouro, com o enredo “Teresa de Benguela, Uma Rainha Negra no Pantanal” e, em São Paulo, pela Barroca Zona Sul, com "Benguela… A Barroca Clama a Ti, Tereza", em 2020.
A líder quilombola é lembrada, desde 2014, no dia 25 de julho, com a celebração do Dia Nacional de Teresa de Benguela e da Mulher Negra, mesma data do Dia da Mulher Afro-Latino-Americana e Caribenha, criado em 1992, no I Encontro de Mulheres Negras da América Latina e do Caribe, na República Dominicana.
Com seu retrato, Dulce Martins traz aos olhos e à mente uma figura que precisa ser relembrada sempre para ser historicamente revisitada e discutida.
Oscar D’Ambrosio