Uma das maravilhas da arte contemporânea está na capacidade de ela trazer distintas linguagens para uma conversa próxima, em que diversos aspectos se conectam e dialogam, muitas vezes interagindo fraternalmente. A série “Contradanças”, por exemplo, de Jan M. O., no título, evoca uma dança que é uma mistura de várias outras, com melodias diversas, caracterizada por várias seções de compassos que se repetem. Além disso, a palavra “contradança” sugere que se trata de algo contrário à dança, mas que se integra a ela – e dela precisa para se realizar. Nesse rico universo de possibilidades, o artista cria suas engenhocas verbais que possibilitam o movimento de letras e sílabas em que os binômios relutamos/lutaremos, e revivemos/viveremos; e o trinômio resistir/existir/insistir são apresentados em um lúdico universo de densa profundidade existencial. O engenho da máquina se junta à arte da palavra para nosso fascínio.
Oscar D’Ambrosio