Quando se pensa na “intensidade” nas artes visuais, logo pode vir à mente a ideia de uma imagem plena de força, cuja presença faz reverberar percepções. É o que ocorre na obra com esse título de Renato Freitas, de São Paulo, SP. A presença de um instrumento musical em meio a diversas cores traz uma indagação: é o entorno que faz o instrumento vibrar ou é ele que transmite sua energia para o mundo? A pergunta é retórica, pois existe, é claro, uma interação entre quem toca, o instrumento tocado e quem ouve. O complexo e fascinante processo traz uma reflexão muito necessária sobre os sentidos da arte e as suas possibilidades de multiplicação. Ao se ouvir uma melodia, por exemplo, temos as interações entre as nossas memórias afetivas e o talento de quem toca. Nas artes visuais, o raciocínio não é diferente. As camadas e os interstícios entre quem pinta, o que é pintado e quem vê o que é pintado passa por diversas intensidades de percepções.
Oscar D’Ambrosio