A aquarela tem uma linguagem bastante versátil, que pode ser tratada de maneiras distintas. No entanto, um de seus fascínios maiores está na capacidade de usar as transparências e sugestões de modo a estabelecer múltiplas possibilidades de interpretação. As manchas conseguem gerar universos paralelos de encantamento em que os olhos e as almas se perdem pelo prazer de navegar pelos caminhos das percepções sugeridas pelo diálogo entre os pigmentos, a água e a folha de papel em branco. “Fecundação”, de Samara Abby, de Nanjing, China, apresenta essas questões e relações visuais dentro de uma perspectiva em que vale a pena observar com detalhes os efeitos obtidos pelas maneiras como a artista se vale da técnica para obter diálogos cromáticos e de tonalidades, criando em cada observador as mais diversas sensações.
Oscar D’Ambrosio