A arte está tanto no fazer como no olhar. A imagem de Fabiano Gonçalves que ilustra este post é uma demonstração disso. Durante as enchentes de 2015 no Estado do Rio Grande do Sul, ele viu papéis afundando e se fundindo na água. Observou marcas e transformações que o tempo fez neles. Como uma forma de atestar e carimbar esse processo, pintou nesse suporte uma borboleta, marca registrada de seu trabalho, espécie de assinatura a trazer à tona um tempo submerso. A arte tem muito desse papel de eternizar memórias e emoções. Eventos guardados na mente e em objetos podem vir à tona pela capacidade de olhar e interpretar atentamente o que está ao redor. Assim pode ser discutida a arte, como uma gaveta de guardados da qual, a qualquer momento, algo pode renascer e vir para a superfície como uma borboleta abandonando o seu casulo para alçar voo.
Oscar D’Ambrosio