Não são poucos os artistas que ficam se perguntando até que ponto podem ou devem se engajar em diversas causas, inclusive fazendo denúncias de caráter social, econômico ou ambiental. Nildo Machado, de Rondonópolis, MT, por exemplo, traz a questão das carvoarias no Pantanal, envolvidas com situações de irregularidade de licenciamento ambiental, com fuligem, poeira e desmatamento, além de ilegalidades com trabalho escravo e de menores. A forma metafórica visual de tratar a questão se dá por colocar os aspectos negativos em preto e branco, mantendo com cores apenas a natureza virgem. O desejo evidente é que aquilo que ainda existe possa ser preservado e ampliado, de modo que a região comprove a sua resiliência e possa se regenerar. Tomara assim que o trabalho de Nildo Machado, em um futuro não distante, possa ser refeito com imagens esplendorosas de vida. Assim, quando feito com talento, o trabalho engajado leva à reflexão e pode nos levar a um futuro melhor.
Oscar D’Ambrosio