O tema das memórias é onipresente nas manifestações artísticas, seja de maneira explícita ou implícita. Afinal, aquilo que somos e o que manifestamos vem, em grande parte, do que vemos, ouvimos e sentimos ao longo de nossa jornada. É o repertório afetivo e intelectual de cada criador que molda, em boa parte, aquilo que ele faz. A obra “Memórias”, de Cléa Lobato, de Francisco Alves, PR, pelo título, já evoca justamente essas recordações que provém da infância. Porém, o seu trabalho escultórico, que lida diretamente com a natureza, não se atém apenas as vivências emocionais pessoais. Mergulha também nas origens da própria matéria-prima, que possui suas histórias. Aquilo que lembramos, de fato, tanto pode ser um refúgio de felicidades como uma guarida de dores. Acima de tudo, é uma morada de experiências. O trabalho de Cléa Lobato, que parece guardar recordações em uma cápsula de tempo, constitui uma semente existencial de projetos e realizações. Aponta que essas energias ali guardadas podem renascer no presente e no futuro de diversas maneiras. A arte é uma delas.
Oscar D’Ambrosio