A obra de arte é construída pelo fluir das emoções ou pelo planejar técnico? Como tudo que envolve a criação, não há uma resposta simplista. Existe uma simbiose em que o sentir e o fazer caminham juntos. É desse diálogo que surgem manifestações visuais que trazem um mistério que nos indaga.
O trabalho de Cibeli Felipe ilustra bem a alquimia que existe entre as três dimensões da obra de arte. Há a técnica e a magia de quem cria, a atmosfera estabelecida pelo trabalho de cada artista e o repertório e a sensibilidade de quem observa, de maneira ativa, interagindo com aquilo que vê.
Destaca-se na obra da artista a maneira como ela lida com as transparências para obter os mais variados efeitos. Torna-se assim possível instaurar uma outra realidade, que nos renova constantemente. O papel da arte pode ser, nesse sentido, uma espécie de bálsamo rejuvenescedor, pois cada obra é um nascer de novo.
Cibeli Felipe se vale de sua técnica para estabelecer espaços imaginários em que é possível viajar mentalmente. Dessa forma, a emoção da chamada inspiração se manifesta ao lado da pesquisa técnica e da prática esmerada ao longo dos anos. Assim, o resultado final gera encantamento e questiona sobre a riqueza e o sentido da arte e da própria vida.
Oscar D’Ambrosio (@oscardambroisoinsta) é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Coordena o projeto @arteemtempodecoronavirus e é responsável pelo site www.oscardambrosio.com.br